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March 7, 2020
|
por
Alex Mansour

A Ameaça do Coronavírus COVID-19

O VPDICAS convida especialista para diferenciar a informação cientificamente apurada, dos achismos descabidos.

Com a enxurrada de notícias desencontradas na internet sobre a recente chegada do coronavírus em Portugal, é muito natural que o nosso nível de preocupação aumente e nos deixe em estado de alerta máximo, criando um senso de urgência e nos impulsionando a estar a par de todas as notícias mais recentes sobre o tema. 

Saber diferenciar a informação cientificamente apurada, dos achismos descabidos, pode ser uma difícil tarefa no meio desse turbilhão de medos e incertezas. Pensando nisso, o VP Dicas convidou o especialista Alex Mansour para passar algumas informações importantes que podem nos ajudar a organizar esse caos. 

Alex Mansour é químico de formação (formação em farmácia ainda não concluída), com 18 anos de experiência em laboratórios e instituições de saúde, públicos e privados, com seis anos de vivência diária em divulgação científica na Fundação Oswaldo Cruz e produtor de conteúdo multimídias. Toda essa bagagem me deu-lhe a expertise necessária para realizar uma árdua pesquisa em busca dos fatos por trás dessa pandemia, compilar essas informações pesadas e traduzir para a nossa linguagem do dia a dia as informações mais cruciais sobre o coronavírus.

O que é o coronavírus?

Os coronavírus são um extenso grupo de vírus da Ordem dos Nidovirales pertencentes à família dos Coronaviridae, eles receberam esse nome por sua estrutura externa lembrar as ornamentações de uma coroa real. Os coronavírus são muito comuns em animais, mas apenas 7 deles conseguiram infectar humanos. 

Se eles são tão comuns porque apenas 7 infectam humano?

Para um vírus ser capaz de infectar humanos ele precisa ter duas habilidades importantes: ter em sua estrutura uma proteína compatível com a nossa e estar adaptado a nossa fisiologia. Os vírus usam a proteína como uma chave que destrava a porta de entrada para as nossas células, uma vez lá, se estiver na temperatura ideal, ele se reproduz. Um vírus que não esteja adaptado não consegue ultrapassar essas barreiras sozinho. Vamos pegar como exemplo um vírus de morcego, que tem em seu pulmão uma proteína muito diferente da proteína humana e uma temperatura corporal entre 41 e 42 graus celsius, muito acima do nossos 36,5°C, esse vírus não conseguem migrar para humanos sozinho, ele precisa de um animal intermediário, como os porcos por exemplo, que possuem em seu pulmão identificadores tanto para proteína humana, quanto para proteína do morcego, e possui uma temperatura corporal de 39°C, bem na faixa intermediária entre a temperatura do morcego e a nossa. Como a barreira de transposição para o porco é bem mais frágil, esse vírus precisa apenas de tempo para conseguir saltar dos morcegos para os porcos. Uma vez adaptado aos porcos ele já encurtou a distância para transpor as barreiras de defesa humana, para esse vírus conseguir nos infectar será apenas uma questão de tempo.

Dito assim isso parece simples, mas não é. Esse processo tem muitas variáveis, é preciso um certo tempo de convivência entre a espécie da qual o vírus é nativo, com muitas outras espécies diferentes, por tempos prolongados, com muitas tentativas e erros do processo evolutivo para isso acontecer. Como, geralmente, os animais de consumo humano não são criados junto dos animais silvestre é necessário um tempo enorme até o vírus encontrar uma oportunidade. Por isso o ataque a humanos deste tipo de vírus é tão raro.

Porque o coronavírus é tão preocupante?

Esse novo coronavírus da china, o SARS-COV-2 ( COVID-19), não é tão agressivo quanto outros desta mesma família. Todos os dados que temos sobre ele ainda são muito recentes, (temos cerca de 10 semanas de estudo sobre os seus efeitos em grandes populações), mas já é possível determinar muita coisa sobre suas características. Ao que parece a sua taxa de mortalidade é de 2%, cerca de 20 vezes maior que a taxa do vírus da gripe, mas muito abaixo do que vimos com a SARS, que chegou até nós em 2002 e tinha uma taxa de mortalidade de 10% e também abaixo da MERS, que nos atacou em 2012, vinda do oriente médio, com uma mortalidade de 35%. E diferente das versões anteriores, onde primeiro os infectados desenvolvem os sintomas, para só depois serem capazes de transmitir a doença, agora está acontecendo exatamente o oposto, os sintomas só aparecem bem depois de iniciada a fase de propagação e muitos desses infectados nem mesmo irão desenvolver qualquer sintoma.

Vírus novo

Então temos um vírus novo, onde ninguém no mundo tem anticorpos ou imunidade para ele e que tem a capacidade de se propagar livremente se não for contido. Isso seria um problema mesmo se fosse apenas um caso de um novo tipo desconhecido de influenza, o vírus da gripe comum. Com um vírus como esse, em cada 100 pessoas, 20 irão precisar de atendimento hospitalar, dessas 20, 15% irão precisar de inalação de oxigênio por complicações no pulmão e nesse grupo 5% irão precisar de auxílio na respiração, como uma intubação em UTI. Esse quadro em si não é preocupante, um surto de gripe bem forte já faz isso vez ou outra, mas com um vírus que ninguém nunca teve contato e que não há ninguém imunizado, a velocidade dessa propagação pode ser o diferencial. Por isso as autoridades, na maioria dos países, estão tomando providências para adiar ao máximo a propagação desse surto. Pra entender essa preocupação, podemos pegar como exemplo o uso de transportes públicos. Em 2019, 71,5 milhões de pessoas usaram o Metro do Porto, o que dá cerca de 195 mil pessoas por dia, tente imaginar o que aconteceria se, por algum problema, todas essas pessoas precisassem pegar o Metro ao mesmo tempo, às 9 horas da manhã. Mesmo o Metro do Porto sendo um dos mais eficientes do mundo, ele não está preparado para isso, o mesmo acontece com o sistema de saúde pública. Nesse exemplo que citei acima, 5% dos infectados irão precisar de leitos em UTI, e o país mais bem preparado do mundo deve ter, no máximo, 1,5% de leitos de UTI disponível em relação a sua população. Então a maior preocupação que cada um de nós precisa ter nesse momento é evitar ao máximo contrair a doença. Para diluir esse número de infectados ao longo dos próximos meses. 

Portugal está preparado para um aumento desses casos por aqui?

Essa é uma pergunta difícil de responder, porque, mais uma vez, a quantidade de variáveis é imensa, velocidade de propagação, hábitos do dia a dia, políticas de saúde pública, predisposição da população em seguir recomendações, tudo isso fará toda a diferença se precisarmos enfrentar o pior caso.  Eu recomendo assistir ao vídeo que eu preparei em meu canal no YouTube. Por lá eu abordo alguns pontos principais para tentar responder, não só se o nosso sistema de saúde pública aqui de Portugal está preparado para um surto como esse, mas também como seria um possível cenário para se uma propagação intensa também começar a ocorrer no Brasil.

Deixo o convite para seguirem o seu canal de divulgação de cultura e estilo de vida aqui de Portugal, o Tugalidades. Alex Mansour convida a todos para seguirem o seu canal de divulgação de cultura, para tentar responder qualquer dúvida que ainda possa persistir, é só mandar a sua dúvida para o seu Instagram onde afirma que terá o maior prazer em responder.  

Desejo saúde e boa sorte a todos. 

Sobre Alex Mansour: Químico de formação (formação em farmácia ainda não concluída),18 anos de experiência em laboratórios e instituições de saúde, públicos e privados e Colaborador do VPDICAS.

Em caso suspeito, ligue antes de ir ao hospital.




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