Com falta de mão de obra em setores do mercado de trabalho, os imigrantes são uma parte importante da recuperação economia.
Depois dos piores momentos da pandemia do coronavírus, Portugal começa a dar os primeiros passos na recuperação da economia. Com falta de mão de obra em alguns setores do mercado de trabalho, os imigrantes são uma parte importante da recuperação econômica do país.
Os dados mais recentes trazem boas notícias e mostram que a economia do país já entrou em processo de recuperação depois dos períodos de confinamento. No segundo trimestre de 2021, foi registrado um crescimento de 15,5%. Dentre os países da União Europeia, Portugal registou o segundo maior avanço.
Já o desemprego, que chegou a 7,2% no primeiro trimestre de 2021, demonstra queda. A Comissão Europeia estima que em 2022 o índice deve baixar para 6,5% (mesmo índice de 2019, no cenário pré-pandemia).
As previsões mais otimistas da Comissão esperam que, com o aumento das ofertas de trabalho em 2021-2022, seja possível ultrapassar o “nível pré-pandémico em 2022, após um crescimento forte acima da área do euro no conjunto dos dois anos”.
O país vem enfrentando um velho conhecido: a falta de mão de obra nos últimos anos. Em setembro de 2021 o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, declarou que o país precisa da imigração para ajudar a solucionar o problema. Segundo ele, Portugal vive um momento de forte criação de emprego. Entretanto, se nota a falta de trabalhadores em algumas áreas.
Os setores ligados ao turismo (como restauração e empresas de alojamento turístico) são dos que mais têm sentido essa dificuldade de encontrar mão de obra. De acordo com os dados do inquérito da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), publicado pelo Jornal Observador, cerca de 80% das empresas de restauração relatam dificuldades para contratar trabalhadores. Em outros setores do turismo, aproximadamente 60% dos empregadores dizem ter a mesma dificuldade.
Uma das principais justificativas é o fato de que muitos dos profissionais que trabalhavam nestas áreas precisaram migrar para outros setores durante a pandemia, já que o turismo sofreu uma das maiores paradas em razão da pandemia.
Agora será preciso tornar o setor mais atraente para fazer com que os trabalhadores voltem a ocupar as vagas nos serviços de turismo, até porque o setor é fundamental para auxiliar Portugal na sua recuperação econômica.
O ministro ressaltou que é importante que o governo ofereça condições para que os imigrantes possam vir e permanecer em Portugal. É necessário que existam políticas de integração, formação e habitação para os imigrantes.
Segundo matéria publicada pelo Jornal Econômico, o ministro declarou que o país deve:
“assegurar que trabalhadores, pessoas disponíveis para trabalhar, tenham formação adequada para poderem responder às necessidades das empresas”.
O mesmo relatório da AHRESP sugere que é preciso que sejam criados mecanismos que facilitem tanto a contratação, como a qualificação dos trabalhadores. Estas medidas podem beneficiar trabalhadores portugueses e imigrantes.
Recentemente o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu a importância dos imigrantes para a economia nacional e ressaltou o papel fundamental dos trabalhadores estrangeiros durante a pandemia. Marcelo afirma que os imigrantes dão-nos "a natalidade que não temos". Veja no vídeo abaixo:
Os dados preliminares do Censo 2021 mostram que Portugal perdeu 2% da sua população nos últimos 10 anos - são menos 214.286 pessoas . Atualmente o país tem 10.347.892 moradores.
A maior perda populacional aconteceu na região do interior, e por isso, o governo tem oferecido incentivos para quem decida viver no interior. Os valores dos apoios, dependendo das condições, podem chegar a 4.800 euros.
Outro fator que contribui para a diminuição da população portuguesa é a emigração. Muitos portugueses têm saído do país em direção a outros locais, principalmente em busca de mais ofertas de emprego e melhor remuneração.
Para incentivar a volta dos portugueses, o governo criou o Programa Regressar, que visa criar condições de apoio para que os cidadãos portugueses voltem para o país. O programa oferece, dentre outras opções, auxílio na busca de emprego e na abertura de um negócio próprio.
A partir destes números de perda populacional, Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, disse que Portugal precisa atrair imigrantes para reforçar a mão de obra no país. A ministra ressaltou que é preciso não só atrair os imigrantes, mas tratá-los bem.
A fala de Ana Abrunhosa está alinhada com o pensamento do ministro da economia. O governo português vê a presença dos imigrantes como um fator fundamental, sabendo que é preciso criar e oferecer condições atrativas para que mais pessoas decidam imigrar para o país.
Segundo dados do Relatório Migrações e Desenvolvimento em Portugal, publicado pela Cáritas Portuguesa, antes da crise econômica de 2008, o motivo que mais atraía imigrantes para o país era o trabalho. Boa parte das pessoas que decidiram imigrar para Portugal vinham ao país em busca de boas colocações profissionais.
Com a chegada da crise, a situação mudou e, nos últimos anos, os estudantes e pessoas que fizeram reagrupamento familiar são a maioria dos imigrantes legais do país.
Por outro lado, o relatório afirma que “os recentes indicadores sugerem a vinda de um novo ciclo de trabalhadores migrantes”. É nesse novo fluxo de imigrantes trabalhadores que o governo espera encontrar a contribuição para ajudar a solucionar a problemática de falta de mão de obra no país.
A presença de imigrantes no país não contribui somente para o mercado de trabalho. Os imigrantes também são responsáveis por um aumento considerável no faturamento da Segurança Social.
Em 2019 (dado mais recente publicado), a Segurança Social arrecadou 884 milhões de euros apenas dos imigrantes. No ano anterior, o valor havia sido 651 milhões de euros. Os dados são do Observatório das Migrações e foram publicados pelo Jornal de Negócios.
Este é mais um dado que revela o caráter positivo da presença dos imigrantes no país, que contribuem não só com o trabalho, mas também com a arrecadação das contribuições da Segurança Social.
Portugal prende-se, sobretudo, às políticas ativas de integração no mercado de trabalho e à política de reunificação familiar. O governo já vem trabalhando em medidas de apoio à imigração, mas há ainda o que melhorar.
Segundo a Euronews, o governo português precisa melhorar o acesso dos imigrantes à saúde e à educação. Confira a matéria (publicada no fim de 2020) no vídeo abaixo:
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